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A escrita a partir do enfoque psicomotor



          A escrita é o ato motor mais fino e extremamente complexo, que requer a intervenção das partes corporais passivas e de sua capacidade de inibição (antebraço, braço, ombro) e das partes corporais ativas e sua capacidade de controle (dedos, mão, punho).
            Uma falha na coordenação fina pode fazer com que a criança não tenha força e precisão suficiente para imprimir maior velocidade à mão, ocasionando uma lentidão na escrita, o que dificulta a realização de gestos harmoniosos simples.
             A importância de que haja orientação espacial e temporal, é porque devemos escrever as as uma  palavras uma após a outra, respeitando  o espaço e o ritmo.


 
 Passa por três etapas diferenciadoras:
  • Identificação de cada um de seus componentes, onde se fixam as memórias viso-perceptivas motoras e resolvem em cada grafia seu ponto inicial, sua direcionalidade rotacional, seu tamanho e sua situação espacial;
  • Fluidez onde se dão os encadeamentos das grafias, o que possibilita a liberação de energia cortical, sendo o início da incorporação do significado ao significante. A palavra se utiliza como estrutura gráfica e se dirige o intervalo. Dá-se a ortografia e pontuação simples. Etapa de grande lentidão;
  • Automatização, sendo nesta última etapa quando a criança pode liberar energia da atividade mental ocupada em resolver problemas espaciais para outros processos de distinta natureza cortical, como são os simbólicos. Dá-se a melodia cinética, termo utilizado por Luria, que se refere à integração motora das grafias encadeadas, formando sequências, onde o impulso que se gera no risco da grafia se encadeia com a outra, formando uma estrutura melódica motora.

            Por que a psicomotricidade fina como alternativa na aprendizagem da escrita? Por ser um processo evolutivo que se encarrega da pré-aprendizagem da escrita, do desenvolvimento do significante, de como se realizam os traços das grafias, como se encadeiam e como se chega à automatização para incorporar o significado ao significante.
            Tem por objeto a análise dos processos que intervêm na realização das grafias, assim como o modo em que estas podem ser automatizadas e cujo resultado responde aos fatores de fluidez, harmonia tônica, rapidez e legibilidade.
            A grafia é o risco resultante de um movimento. Se podemos repeti-lo de maneira idêntica, então este foi interiorizado, criou-se uma estrutura neuronal, um apto. Este é um exercício de controle motor que surge como resultante de uma grande quantidade de ajustes perceptíveis e motores, sua regulação nervosa e implicação afetiva do sujeito.
            Sem o desenvolvimento de determinadas condições perceptivas e neuromotoras, não há estrutura para assentar o gesto gráfico. Por outro lado, se não se interioriza a grafia em sua adequada direcionalidade, tanto em seu movimento de avanço (de esquerda à direita) como em seus giros no espaço, tampouco poderá produzir-se sua evolução.

 
            A escrita é um sistema prático ao requerer da execução do ato motor voluntário e ao ser o ato mais fino que realiza o ser humano através do órgão mais ativo, a mão, e é indispensável ter adquirido uma dominância gráfica de uma mão com respeito à outra, a qual

não se obtém de maneira definitiva antes dos 6 anos de idade.
            Mencionaremos aqui os quatro fatores psicomotores básicos que determinam o desenvolvimento do significante da escrita:
  1. A direcionalidade ou aspecto perceptivo-motor;
  2. A pulsão tônica, ou a capacidade de controle voluntário da pressão;
  3. A coordenação visomotora;
  4. A codificação/decodificação viso-auditiva-motora.
A direcionalidade caracteriza às linguagens superioras já que os sinais são emitidos em uma ordem temporal-espacial determinada; no caso da escrita, deve-se propiciar a automatização da direção de cima a baixo e de esquerda a direita. Esta direcionalidade contém dois vetores na escrita: um visual o outro motor, que correspondem aos processos de leitura e escrita.
            A pulsão tônica, processo de controle da independência segmentária que se expressa na capacidade de um maior ou menor controle na pressão voluntária do útil (lápis) sobre o suporte (papel), e isto se deve a uma regulação do sistema nervoso.
            A coordenação visomotora é a orientação do ato gráfico de acordo com as necessidades da escrita. O risco voluntário se caracteriza por evoluir através de três fases, sendo a primeira a que corresponde ao deslocamento do braço, e seu “registro” resultante; o segundo corresponde a um movimento pré-rotacional, sendo seu deslocamento o que forma as características da curva; na terceira fase dão-se os traços rotacionais e mistos.
Os processos de codificação-decodificação configuram o último aspecto da pré-aprendizagem. A escrita é um sistema duplo: Quando escrevemos, transformamos os sinais auditivos para visuais. Isso requer três processos simultâneos: primeiro, memória auditiva; em segundo lugar, capacidade de articulação para transladar os fonemas e grafemas; e em terceiro, memória visual que permita recordar os códigos gráficos sobre os quais vai se exercer a transposição.


 
                                Etapas do Desenvolvimento motor e Idade Psicomotora
            O desenvolvimento psicomotor elabora-se desde o nascimento e progride lentamente de acordo com a vivência e oportunidade que a criança possui em explorar o mundo que a rodeia.

1ª Etapa – CORPO VIVIDO (até 3 anos de idade)
            Esta fase corresponde à fase da inteligência  29sensório motora de Jean Piaget. É a fase que podemos chamar de vivência corporal. Os elementos psicomotores e cognitivos caminham lado a lado, pois já um depende do outro.É a fase do conhecimento do corpo.
             No final desta fase pode-se falar em imagem de corpo, pois “eu” se torna unificado e individualizado.
2ª Etapa – CORPO PERCEBIDO OU “DESCOBERTO” (3 a 7 anos)
              É nesta fase que a dominância lateral se instala e com ela descobre seu eixo corporal. Passa a ver seu corpo como um ponto de referência para se situar e situar os objetos em seu espaço e tempo.A criança chega à representação mental dos elementos do espaço.
3ª Etapa – CORPO REPRESENTADO (7 a 12 anos)
              É nesta etapa a criança chega a uma espaço representativo.Ela amplia e organiza seu esquema corporal, não mais se centraliza, mas evolui para a descentralização, para a representação mental de um espaço orientado que não toma mais somente seu corpo como ponto de referência, mas utiliza outros pontos de referências exteriores a ela.
             A partir de 10 anos a criança possui uma disponibilidade de uma imagem mental do corpo em movimento.

 
             Aos 12 anos adapta seu gesto às circunstâncias imediatas, possuindo uma disponibilidade corporal que a torna capaz de modificar seu gesto de maneira imediata.           
  
                                                 
            A psicomotricidade fina é um processo do desenvolvimento psicomotor que requer uma estrutura para sua aplicação, é por isso que conta com um método para crianças de três a seis anos, que tem como objetivo fundamental criar na criança os hábitos que lhe permitam enfrentar com menor dificuldade a aprendizagem da leitura e a escrita.
            Quando a criança se encontra em uma fase de aprendizagem e pretendemos forçar o ritmo de desenvolvimento, manifesta-se o disgrafismo. Não esqueçamos que o ritmo de desenvolvimento é único, e estimular só é possível quando conhecemos a cadeia evolutiva do desenvolvimento, assim como a situação de cada criança dentro dessa cadeia.
            A integração da escrita se leva a cabo durante um período de cinco ou seis anos ao menos, e disso vai depender o futuro desenvolvimento cognitivo da criança. Ao falhar algum dos pré-requisitos, vê-se afetado o processo grafomotor que se requer para poder escrever.
A escrita é tão importante para o desenvolvimento futuro do pensamento da criança, que devemos respeitá-la sempre. Respeitar seu ritmo de desenvolvimento. Fomentar a experimentação, facilitando sua expressão.










 
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